segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Saturno devorando a su hijo" [Saturn Devouring His Son] -- detail
Francisco de Goya
around 1821-1823

Cada sociedade tem os velhos que merece: a história antiga e medieval demonstram-no cabalmente. Cada sociedade segrega um modelo de homem ideal e, é deste modelo que depende a imagem da velhice, a sua valorização ou desvalorização. 
A Grécia clássica, virada para a beleza e para a força, relega os velhos para um lugar subalterno. Na Idade Média, o velho desempenha o seu papel enquanto pode manejar o hissope, a espada, o arado ou o livro de contas. O único limite é a incapacidade física. 
Na realidade não existe a terceira idade: há a vida e há a morte. 
A partir do Século XIV, o peso dos velhos na sociedade aumenta e tem como consequencia o recrudescer da crítica contra os velhos. A sátira dos casamentosNentre homens velhos e mulheres jovens volta a estar na moda, como estava no tempo de Plauto. 
A Renascença regressa aos ideias Greco-Romanos. Ronsard recomenda colher "as rosas da vida", mas ao mesmo tempo, os velhos ativos nunca foram tão numerosos: o almirante Dória, septuagenário, luta contra o octagenário Barbarroxa, Miguel Angelo atinge os 89 anos e Ticiano 99.
A ambiguidade fundamental da atitude perante a velhice encontra-se, no entanto, ao longo de todos os séculos, porque se o velho se queixa da sua idade avançada, ao mesmo tempo, retira dela a sua glória e procura prolongar os seus dias. 
A fonte da juventude foi sempre a mais louca esperança do homem ocidental.

São com estas palavras que apresentam o livro HISTORIA DA VELHICE NO OCIDENTE, da antiguidade ao renascimento, de Georges Minois (Ed. Teorema, 2000).

Reflitamos sobre estas palavras e, para quem possa, leia o livro.

Digo que não será tarefa fácil e poderá retirar do horizonte o pensamento de que é possível envelhecer bem.  

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