terça-feira, 13 de setembro de 2011

FOLHA.COM PUBLICA INFORMAÇÃO SOBRE CRISES DE MEIA IDADE 
E INFORMA QUE CONFORME ENVELHECEMOS AUMENTA 
A SENSAÇÃO DE FELICIDADE

- o livro Ame todas as Suas Idades (Nova Letra, 2010) trás artigo inédito 
sobre as crises de meia idade, escrito pelo Doutor uruguaio Andres Flores Colombino

Não se trata de mera frescura: a ciência diz que existe, sim, a crise da meia-idade e que ela afeta homens e mulheres em todo o planeta.
Resultados de pesquisas em vários países, na última década, têm mostrado que essa fase bate em média entre 40 e 50 anos, mas varia muito de acordo com a região.
Mas um dado novo, curioso e surpreendente indica que a crise é só o fundo do poço. Depois de atingir o ponto mais baixo de "bem-estar" (alguns pesquisadores chamam mesmo de "felicidade"), a pessoa dá a volta por cima e vai ficando mais feliz por quase todo o resto da vida.
É estranho, pois o senso comum indicaria que a felicidade tende a diminuir a cada velinha no bolo de aniversário.
Os gráficos ligando satisfação pessoal e idade mostram uma curva em "U". A felicidade começa alta, vai caindo até chegar à base da letra e volta a subir com a idade.
Os números variam muito, porém. Em uma pesquisa, a meia-idade chega aos 50 para americanos; em outra, aos 44,5. Os brasileiros atingem a crise aos 46,7, para um estudo, e, para outro, aos 36,5. Na Ucrânia, o mal-estar máximo chega aos 62,1 anos.
"Essa diversidade vem das amostras pequenas nesses países. O número varia menos em grandes amostras", diz um dos autores do estudo da curva do "U" do bem-estar, o economista Andrew J. Oswald, da Universidade de Warwick, Reino Unido.
O estudo analisou 500 mil pessoas, entre americanos e europeus, que responderam sobre seu estado emocional.
Depois de se checar detalhes que poderiam afetar os resultados (renda, vida afetiva etc.), conclui-se que americanos atingem a crise aos 52,6 e europeus, aos 46,5.
"A Segunda Guerra parece ter cobrado um preço maior dessa geração de europeus", na interpretação de Oswald.
E o que explicaria o fenômeno em geral?
Editoria de Arte/Folhapress
MEIA IDADE PERMITE AUTOACEITAÇÃO

"Minha teoria é que na meia-idade enfrentamos nossas deficiências e as aceitamos. Então ficamos mais contentes com a vida", diz Oswald. "Eu poderia ter sido jogador de futebol e feito gols contra o Brasil, mas percebi que teria de me contentar em ser professor", brinca.
Outro estudo criou um "instantâneo da distribuição pela idade do bem-estar psicológico nos EUA" com base em 340.847 pessoas. E cravou a crise em torno de 50.
Nesse estudo, a pessoa avaliava, numa escada com degraus de zero a dez, como se sentia em relação à vida. "Em qual degrau você se sente agora?" era a pergunta.
O líder da pesquisa, Arthur A. Stone, da Universidade de Stony Brook, disse à Folha que considera a curva em "U" um enigma. "Nós e muitos outros estamos investigando fatores responsáveis, mas ainda não sabemos."
Entre os fatores que eles esperavam que teriam impacto no resultado e não tiveram estão o gênero, o fato de ter filhos com menos de 18 anos em casa, o desemprego e a falta de um parceiro.
Já o pesquisador Andrew Clark, da Paris School of Economics, usou dados de uma pesquisa britânica para seus estudos sobre a curva do "U". Um questionário com 12 itens registrou as sensações de estresse, depressão e falta de confiança dos entrevistados.
As pessoas responderam se perdiam o sono por preocupação, se se sentiam sob pressão, se perderam a autoconfiança e se pensavam em si como alguém sem valor.
Clark disse à Folha que a curva em "U" reflete o que acontece com gente de mais idade: promoções, filhos etc.
"A diferença entre os países reflete as diferenças nesses fatores. Se você tem filhos aos 20, está lidando com adolescentes aos 35, se tem filhos aos 35, vai lidar com adolescentes aos 50. O divórcio também pode ocorrer em diferentes idades, em cada país. Isso soa como explicação", diz.
E lidar com adolescentes estressa qualquer cristão.
Clark também concorda com Oswald sobre a influência da perda de altas expectativas no aumento do bem-estar após a meia-idade. E dá o mesmo exemplo do jogador de futebol, embora o seu seja mais nacionalista: "Um dia desses eu desisti de jogar pela Inglaterra".
A psicóloga Laura Carstensen, da Universidade Stanford, EUA, é autora de uma teoria pioneira que explica a alta da felicidade na velhice.

SELETIVIDADE SOCIOEMOCIONAL
Segundo a sua "teoria da seletividade socioemocional", à medida que os horizontes de tempo vão ficando mais curtos, as pessoas priorizam determinados objetivos emocionais. Passam a evitar amigos chatos, por exemplo.
"A experiência emocional fica melhor com a idade porque as pessoas passam a investir esforço em assuntos importantes para elas", escreveu Carstensen em artigo na "Psychology and Aging".
O artigo descreve um experimento diferente dos outros.
Enquanto os dados coletados por Oswald e Stone produziram um "instantâneo", uma amostra pontual na população, a equipe da psicóloga seguiu um mesmo grupo de pessoas por uma semana e repetiu o questionamento cinco e dez anos depois.
A equipe concluiu: "O envelhecimento está associado com bem-estar geral, maior estabilidade emocional e mais complexidade, evidenciado pela maior ocorrência simultânea de emoções positivas e negativas".
Dá para entender a capa da revista francesa "Le Point", com uma bela mulher sorridente, a estilista Inès de La Fressange, 53, e o título: "A vida começa aos 50".
Ou porque, quando pediram ao dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) um conselho aos jovens, ele foi incisivo: "Envelheçam".

domingo, 11 de setembro de 2011


STJ garante que um só filho pague pensão 

aos pais ou avós idosos


Se o idoso precisar recorrer à Justiça para exigir pensão alimentícia, ele poderá escolher entre os filhos quem responderá pela ação conforme lhe parecer mais conveniente. Esse tem sido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça em casos desse tipo. A corte tem aplicado o artigo 12 do Estatuto do Idoso, que diz que a obrigação alimentar é solidária — ou seja, apesar de todos os filhos terem a obrigação, a ação pode ser promovida contra um deles somente.
O artigo 12 do Estatuto do Idoso tem finalidade prática: atribuir celeridade ao caso. Mas se o filho acionado sentir-se injustiçado pode ir à Justiça, em outro processo, ou até mesmo entrar com recurso na própria ação para tentar dividir as despesas com os outros irmãos. A decisão fica nas mãos da Justiça se isso acontecer.
“Antes, se o idoso tivesse 3 filhos e pedisse R$ 3 mil, todos precisavam compor a lide para que houvesse a fixação. Cada um iria responder proporcionalmente. Se todos ganhassem igual, cada um pagaria mil. Atualmente, a ação pode ser promovida contra um só”, explica Regina Beatriz Tavares da Silva, presidente da Comissão de Direito de Família do Instituto dos Advogados de São Paulo.
A advogada diz que o artigo 46 do Código de Processo Civil era muito aplicado nos casos de pensão alimentícia para idosos antes do Estatudo do Idoso. O artigo afirma que duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; ou ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
Para o advogado e diretor do IBDFAM-SP (Instituto Brasileiro de Direito de Família), João Ricardo Branda, o Estatuto levou em consideração que, pela idade avançada do idoso, muitas vezes doente e passando por necessidades, não seria justo obrigá-lo a correr atrás de todos os filhos para pedir alimentos. “O Estatuto do Idoso trouxe uma inovação estabelecendo que os alimentos são solidários", diz ele.
Briga entre irmãos
F.S.S e A.R.S entraram na Justiça exigindo que um dos filhos do casal pagasse R$ 2 mil de pensão alimentícia. Ele, então, entrou com Recurso Especial para pedir a inclusão de sua irmã no pólo passivo da ação.
A 3ª Turma do STJ decidiu, por unanimidade, que a filha não deveria entrar na ação. A ministra relatora do caso, Nancy Andrighi, afirmou que “a Lei Especial, artigo 12, permite ao idoso optar entre os prestadores, litigar com o filho que lhe interessar, que no processo sob julgamento foi justificada dita opção em face da incapacidade econômica da outra filha (despejada por falta de pagamento dos locatícios). Por conseguinte e em conclusão, não há violação ao artigo 46 do CPC, por inaplicável na espécie de dívida solidária de alimentos.”
O irmão argumentou que o dever de prestar alimentos não é uma obrigação solidária, mas conjunta e divisível, porque estabelece proporcionalidade. Por isso, na hipótese de existirem vários parentes do mesmo grau, cada um concorrerá na proporção de suas possibilidades. Segundo ele, o tribunal de origem "não reconheceu a comunhão de obrigações e causa de pedir entre os descendentes”.
Ainda segundo o filho acionado, a interpretação conferida permite inferir que há solidariedade na prestação de alimentos, contrariamente ao artigo 1.698 do Código Civil. O dispositivo afirma que se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato.
A defesa do casal, além de se basear no Estatuto do Idoso, afirmou que o artigo 1.698 do Código Civil estabelece, em sua parte final, somente a faculdade e não o dever de serem chamadas a integrar o processo as demais pessoas obrigadas a prestar alimentos quando a ação for ajuizada em face de apenas uma delas. E, também, argumentou que a filha havia sido despejada, o que mostra sua inaptidão ao pagamento.
Maioridade e pensão alimentícia
Outra polêmica corriqueira nos escritórios de advocacia está relacionada à mudança no Código Civil, que passou a considerar a maioridade aos 18 anos e não mais aos 21. Muitas vezes, o adolescente aos 18 anos está longe de apresentar um comportamento maduro e mais distante ainda de vislumbrar qualquer sinal de independência financeira. Os pais, por sua vez, param de pagar a pensão, atitude conhecida com exoneração imediata.
Segundo advogado e professor de Direito Civil da PUC-SP, Franciso José Cahali, “é preciso ter bom senso, mas não se pode desamparar o jovem”. Ele afirmou que foi com esse entendimento que o próprio STJ criou a Súmula 358, que assegura ao filho o direito ao contraditório nos casos em que, por decorrência da idade, cessaria o direito de receber pensão alimentícia. “A exoneração da pensão não se opera automaticamente, quando o filho completa 18 anos. Isso depende de decisão judicial”, explica o professor.
Cahali afirma que a questão transcende a idade. Não importa se o jovem tem 21 anos ou 18, "mas sim se está ou não cursando uma universidade”. No mais, existe a possibilidade do pai exigir a redução da pensão, mas não cancelá-la repentinamente.
Camila Ribeiro de Mendonça é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 11 de setembro de 2011
_______________________________________
Em Santa Catarina
“O tribunal de SC geralmente concede pensão até a idade máxima de 24 anos quando estiver cursando ensino superior. Nesses casos, geralmente ocorre exoneração imediata, que deve ser judicial se não estiver explicita na sentença ou acordo dos alimentos”, comenta Rosane Magaly Martins em relação a diversos casos que já atuou. Há também exceções, para prorrogar o pagamento para além dos 24 anos, mas deve ser por decisão judicial comprovada a necessidade de quem pede e a capacidade de quem deverá prestar os alimentos.
Nesses casos, fica a dica: melhor investir nos estudos dos filhos enquanto jovens, pois amanhã um deles, de preferência o mais bem sucedido, poderá ser o eleito para pagar a sua pensão alimentícia.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

REGRAS DA ANS

O Instituto Ame Suas Rugas www.amesuasrugas.org presta assessoria para agências de saúde complementar, na criação de programas de promoção da saúde e do envelhecimento ativo e prevenção de doenças. Trabalhamos com diagnóstico, formulação de estratégias e programas, assim como estabelecemos mecanismos de aferição dos resultados.

Consulte-nos: presidencia@amesuasrugas.org

Idosos estão mais interessados em cirurgias plásticas
Em 2010, 84.685 procedimentos cirúrgicos foram realizados em pacientes com mais de 65 anos

Fisicamente, a terceira idade está cheia de saúde e mentalmente, eles têm se mantido ativos por muito mais tempo que as gerações que os precederam. Diante de tanta disposição e de uma maior perspectiva de vida, por que não pensar numa cirurgia plástica para melhorar a aparência e a qualidade de vida? 

Nos Estados Unidos, a idéia tem sido muito bem recebida pela terceira idade. Segundo dados da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética, em 2010, foram realizados 84.685 procedimentos cirúrgicos em pacientes com 65 anos ou mais. Neste universo estavam 26.635 liftings faciais; 24.783 blefaroplastias; 6.469 lipoaspirações; 5.874 reduções de mama; 3.875 cirurgias para minimizar os vincos da testa; 3.339 mastopexias e 2.414 cirurgias de aumento de mamas. 

Os motivos para se fazer uma cirurgia plástica na terceira idade são tão variados quanto os de pacientes mais jovens: alguns querem alinhar mente e corpo; outros desejam casar-se novamente; muitos ainda estão trabalhando ou procurando emprego e querem ser vistos como candidatos mais jovens e há ainda os que simplesmente estão cansados da própria aparência. 

Exceto por um breve período, durante o pior momento da recessão econômica americana, estes números têm crescido ano a ano. Os especialistas dizem que a razão mais provável para o aumento das cirurgias plásticas na terceira idade é o que os "baby boomers" começarem a passar dos 65 anos. 

Mas o aumento destas cirurgias também tem levantado preocupações, entre os especialistas, sobre a segurança e a conveniência da realização de procedimentos invasivos em pacientes mais velhos, que podem sofrer com conseqüências físicas e psicológicas. 

"Qualquer operação apresenta riscos, mas surpreendentemente poucos estudos se concentram em pacientes mais velhos que passam por cirurgias estéticas. Um estudo, publicado na revista Plastic and Reconstructive Surgery constatou que os riscos da cirurgia plástica em pessoas com mais de 65 anos não são maiores do que na população mais jovem", afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada. 

Para chegarem a tal conclusão, os pesquisadores da Cleveland Clinic revisaram os registros médicos de 216 pacientes que haviam feito lifting facial, ao longo de três anos. Os pesquisadores não encontraram nenhuma diferença significativa nos casos de complicações maiores ou menores entre um grupo de pacientes cuja idade média foi de 70 anos e outro grupo cuja média de idade era de 57,6. 

Todos os pacientes do estudo foram avaliados em relação a diversos problemas de saúde, tais como doenças pulmonares, cardíacas, diabetes e pressão arterial elevada, assim como em relação ao uso de medicamentos (como anticoagulantes), que poderia ser um complicador nas operações. 

"Segundo os pesquisadores, a idade cronológica não é mais importante do que a fisiológica. O que importa realmente, no momento de indicar uma cirurgia plástica na terceira idade são as condições de saúde do paciente, não a sua idade. Os pacientes mais velhos precisam ser tão cuidadosamente selecionados como os mais jovens", observa Ruben Penteado. 

Há uma idade limite? 

"É preciso lembrar que o lifting facial pode ser feito de maneira mais suave, menos invasiva, o chamado mini lifting, que além de menores riscos de complicações oferece uma recuperação mais rápida, pode ser realizado sob anestesia local e suave sedação e evita grandes mudanças na fisionomia, o ideal para muitos casos na terceira idade", destaca Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. 

O médico destaca também que são necessários mais estudos sobre a cirurgia plástica em pacientes idosos com condições crônicas, como diabetes, osteoporose e doenças cardíacas, para que o consentimento informado para a cirurgia plástica sirva realmente como um alerta para o paciente idoso e sua família. 

Ruben Penteado observa que o paciente idoso precisa ser informado a respeito da repercussão psicológica e social de sua cirurgia. "A maioria das pesquisas sugere que as pessoas se beneficiam psicologicamente dos procedimentos estéticos, relatando melhorias em sua aparência e na imagem corporal. Supondo que estamos diante de um paciente saudável, que atende a todos os critérios pré-cirúrgicos e entende que existem riscos, por que é que, muitas vezes, as pessoas são contrárias à realização da cirurgia plástica pelo idoso?", questiona o médico. 

"Porque a nossa idéia estereotipada sobre o idoso nos faz acreditar que, hoje, eles podem ser saudáveis, ativos, podem manter-se no mercado de trabalho, mas estas mesmas pessoas não podem transparecer o desejo de serem sexualmente atraentes. O Viagra é muito bem aceito, mas a idéia de que as pessoas mais velhas, principalmente as mulheres, possam ser sexualmente atraentes e ativas na casa dos setenta, dos oitenta, nos deixa desconfortáveis. O problema é do idoso ou da sociedade?", questiona o cirurgião plástico (com MW-Consultoria de Comunicação)

esta matéria foi publicada em 05/09/2011 no site 
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--27-20110905&tit=idosos+estao+mais+interessados+em+cirurgias+plasticas

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

OMS INCLUI ESPIRITUALIDADE NOS ASPECTOS 
“Meu avô torto, médico, pesquisador competente, de especial sensibilidade musical, no dia em que completou 84 anos – já deprimido pela morte da esposa, disse-me, ao cumprimentá-lo: “Espero que você não chegue aos 80!”.
Isso tem 25 anos. Nunca me esqueci. Ele sentiu o peso do preconceito e da solidão. Vivamente me lembro de suas palavras a cada comentário maldoso em relação aos velhos que escuto, principalmente aos muito velhos. O peso do preconceito é grande. E quem tem menos de 80 anos tem a responsabilidade de tentar ao menos rever seus valores com relação à velhice. Só assim, acredito, poderemos colaborar para a mudança de paradigmas sociais, históricos e culturais.
Ainda na família, muitos anos depois do fato relatado acima, minha mãe desenvolveu a doença de Alzheimer e morreu há dois, aos 79, depois de 10 anos de muito sofrimento. Acredito ser dispensável falar do meu interesse em compreender a velhice e tentar não somente estudá-la e pesquisá-la, mas, principalmente, percebê-la e senti-la. Foi o que tentei fazer por minha mãe inúmeras vezes, quando ela não mais podia: sentia frio por ela, calor, fome e tudo o mais possível por ela. Penso que apenas quando nos abrimos para a percepção e para o sentimento do outro é que podemos começar a elaborar alguma ação transformadora para colaborar em seu benefício.
A velhice, até muito pouco tempo, era tida como algo humilhante e vergonhoso, um tabu que se tentava não falar, nem comentar. A escritora Simone de Beauvoir comenta em seu livro A velhice, escrito em 1970, que quando dizia que estava desenvolvendo um ensaio sobre a velhice quase sempre as pessoas exclamavam: ‘Que ideia! Mas você não é velha!. Que tema triste…’” Ela diz em seguida: “Aí está justamente por que escrevo: para quebrar a conspiração do silêncio”.
Esse é o texto de introdução da dissertação de mestrado em ciências da religião da PUC Minas de Anna Cristina Pegoraro de Freitas, de 54 anos, sobre Espiritualidade e sentido de vida na velhice tardia . Em quase 200 páginas, ela mostra o sentido de espiritualidade adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Espiritualidade é o conjunto de todas as emoções e convicções de natureza não material que pressupõem que há mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo o indivíduo a questões como o significado e o sentido da vida, não necessariamente a partir de uma crença ou prática religiosa. Reconhecendo sua importânica para a qualidade de vida, a OMS incluiu a espiritualidade no âmbito dos domínios que devem ser levados em conta na avaliação e promoção de saúde em todas as idades”, diz.
O interesse pelo envelhecimento da população sempre esteve presente na vida da psicóloga, mas aumentou com a doença da mãe. Professora da disciplina Psicologia da vida adulta à velhice nas quatro unidades da PUC Minas (Coração Eucarístico, Betim, Barreiro e Contagem), Anna Cristina coordena o projeto Mais idade com idosos, da Pró-reitoria de Extensão, e representa a universidade no Conselho Municipal do Idoso, da Secretaria Municipal de Saúde.
Vivência Convivendo com idosos tanto em casa como na PUC Minas, Anna Cristina começou a pesquisar até chegar à dissertação, que teve como objetivo principal “compreender como a vivência da espiritualidade influencia na elaboração do sentido de vida na velhice, utilizando-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. Para embasar a análise, a revisão da literatura abordou os conceitos de velhice em diferentes momentos da história – e a velhice como um estágio do desenvolvimento humano.”
Na pesquisa empírica, os dados foram coletados por meio da história oral com oito mulheres entre 80 e 100 anos. “As narrativas geraram três temas principais: velhice, espiritualidade e sentido de vida, que foram desdobrados em categorias. A análise permitiu, em síntese, concluir que a espiritualidade se mostrou um fator fundamental para a elaboração do sentido de vida na velhice tardia. Sempre, em todas as dificuldades, a espiritualidade está presente como fator indispensável não só no enfrentamento das mesmas, como também – e principalmente – como colaboradora de sentido para suas vidas.”
Segundo ela, o grupo pesquisado também demonstrou que se pode viver uma velhice tardia com qualidade de vida, dependendo do estilo de cada um, da prática espiritual e da consciência temporal, ou seja, é possível manter uma vida com sentido.

terça-feira, 30 de agosto de 2011


INDIA BRASILEIRA PODE SER A IDOSA MAIS 
VELHA DO MUNDO, COM 121 ANOS
A Organização Survival International afirmou nesta terça-feira ter localizado uma indígena brasileira, prestes a completar 121 anos, que pode ser a pessoa mais velha do mundo. Maria Lucimar Pereira pertence a tribo Kaxinawá, na Amazônia ocidental, fronteira com o Peru, e tem a sua certidão de nascimento aprovada pelo registro civil brasileiro em 1985. No documento registra que ela nasceu no dia 3 de setembro de 1890. 


Segundo o Grupo de Pesquisa Gerontologia de Los Angeles (Califórnia, EUA), a mulher mais velha do mundo é atualmente a americana Betty Cooper, que no dia 26 de agosto completou 115 anos.


De acordo com a Survival International, a idosa brasileira pensa em passar seu aniversário de 121 anos, no próximo sábado, junto com sua família, e atribui sua longevidade ao saudável estilo de vida que leva.


Maria Lucimar se alimenta apenas de produtos naturais procedentes da selva amazônica, em particular carne assada, macaco, peixes, aipim e banana, e sua dieta não contém sal ou açúcar. Tampouco usa sabão e outros produtos industriais.


O diretor da organização de defesa dos direitos dos indígenas, sediada em Londres, Stephen Corry, está convencido de que o segredo de sua longevidade está nesta forma de vida.


"Muitas vezes somos testemunhas dos efeitos negativos que as mudanças forçadas podem ter nos povos indígenas. É reconfortante ver uma comunidade que manteve fortes vínculos com sua terra ancestral e desfrutou dos inegáveis benefícios disso", afirmou.


Apesar de sua idade avançada, Maria Lucimar Pereira goza de boa saúde e se mantém relativamente ativa, segundo o líder de sua tribo, Carlos, que acredita ter quatro pessoas com mais de 90 anos entre uma população de 80 habitantes.

fonte www.band.com.br em 30.08.11