sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não há geriatras para todos, diz sociedade brasileira do setor

Há desinteresse de estudantes de medicina na área, por causa de ausência da disciplina nos currículos


O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, João Carlos Barbosa Machado, afirmou que não existirão geriatras suficientes para atender a toda a população idosa no Brasil, e defendeu que todas as principais especialidade médicas se capacitem para assistir o grupo etário, principalmente os idosos com restrições físicas.
Hoje, 26% da população brasileira tem até 14 anos e só 6,6% têm 65 anos ou mais. Em 2050, idosos serão 22,7% e adolescentes, 13,1%, mostram dados do IBGE. No Brasil, atualmente, 72% dos idosos tem alguma dificuldade para realizar tarefas e 15% limitações mesmo para as mais básicas, como alimentar-se ou ir ao banheiro.
"Se fôssemos atender só os mais frágeis e dependentes, e considerando o padrão da Organização Mundial da Saúde de um geriatra para cada 563 idosos, necessitaríamos de 5.000 a 8.000 geriatras", afirmou João Carlos Barbosa Machado, presidente da entidade, durante o 17º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que ocorre em Belo Horizonte.
Atualmente existem em torno de 900 geriatras no País e 290 gerontologistas - profissionais de diversas áreas que se especializam na atenção às necessidades do idosos, de fisioterapeutas a advogados e arquitetos.
Segundo Machado, ainda há desinteresse de estudantes de medicina em relação à área por causa de ausência da disciplina nos currículos. Ela não é obrigatória.
Mesmo nos EUA o problema é semelhante: estima-se que existam 2.000 geriatras, e a necessidade é seis vezes maior.
"Mas todos os médicos irão lidar com idosos, exceto a pediatria. Mesmo um obstetra, dependendo da atuação, pode causar na mulher a incontinência urinária quando ela envelhecer, se errar em determinados procedimentos", declarou Machado.
Segundo Karla Giacomin, presidente da Comissão Científica do Congresso, em Belo Horizonte só há dois geriatras contratados na rede pública, para uma população de 285 mil idosos.
A sociedade defendeu que o profissional seja um coordenador dos atendimentos ao idoso, pois é capaz de fazer uma avaliação funcional, social, nutricional, cognitiva, com ajuda  de uma equipe.
"Ele tem a visão global. É ideal para o idoso que tem múltiplos problemas de saúde, vive no médico, toma vários remédios", afirmou o presidente.
"Os principais riscos para o idosos são os "is": a iatrogenia -efeitos adversos ou da interação de diversos remédios -, incontinência urinária, imobilidade, instabilidade, o que leva às quedas, e a incapacidade cognitiva", disse Machado.
Fonte: O Estado de São Paulo, por Fabiana Leite, em 30/07/10

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