sexta-feira, 1 de outubro de 2010


VOVÓS ESPANHOLAS FAZEM GREVE

ENQUANTO AS NOSSAS FAZEM A FESTA

Nesta sexta-feira comemora-se o Dia Internacional do Idoso, com muitas atividades físicas, artísticas e culturais em todo o País. Os números mostram que pessoas acima dos 60 anos tem muito o que comemorar. Em 2009, havia cerca de 21 milhões de idosos no país e, entre 1999 e 2009, o percentual das pessoas com 60 anos ou mais de idade no conjunto da população brasileira passou de 9,1% para 11,3%, segundo dados da PNAD. Mas temos longo caminho para assegurar renda, bem estar e qualidade de vida aos que envelhecem. Enquanto por aqui os bailes de terceira idade se multiplicam, na Espanha ocorre uma mobilização nacional de vovós que são obrigadas a dispensar cuidados aos netos, sem reconhecimento nem remuneração, por 8, 10, 12 horas diárias.

Os números são importantes para definirmos políticas públicas e temos que ter maior participação dos idosos no que concerne ao exercício de sua cidadania, para conquista de novos direitos. Algumas conquistas são o Estatuto do Idoso, a redução da idade de 67 para 65 anos para o recebimento do benefício de prestação continuada que tira da linha de pobreza um grande número de pessoas idosas. Este benefício melhorou a condição de vidado segmento e de suas famílias, mas os números de idosos mantenedores de lares é uma advertência para o quadro de precarização do trabalho.

Nesta semana onde prefeituras de todo o país mobilizam-se na organização de festas aos idosos, as centrais de trabalhadores da Espanha apoiaram a mobilização nacional de avós que querem ter o direito de descansar e deixar de cuidar dos netos por 8, 12 horas diárias sem remuneração. Naquele país se estima de 50% das avós idosas cuidem de netos, por conta do Estado não promover a proteção integral da infância para que suas mães possam trabalhar. A maior discussão está no conflito geracional familiar, pois se a avó não cuida do neto, corre o risco de ser abandonada em uma casa de longa permanência pelos filhos. Deste modo a violência contra os idosos se instala sem que tenham a quem buscar socorro e acolhimento ás suas demandas mais íntimas de proteção física, social e psicológica.

Hoje é dia de comemorar, sem perder as reflexões que o envelhecimento trás aos 21.736.000 idosos brasileiros. Vovôs tendo que trabalhar para complementar aposentadorias e vovós sendo compelidas a dispensar cuidados com netos e netas, em fase que necessitam ser cuidados. O aumento da violência familiar e social contra o idoso também nos adverte que nossa sociedade deve pensar em um novo modelo de relações, sob pena de sermos as próximas vítimas. Por isto devemos assumir papel ativo e atuante, participando dos fóruns, dos conselhos municipais, estaduais e nacional do idoso, legislando, cobrando, exigindo, fazendo com que a nação garanta os direitos dos idosos e nossos futuros direitos. 

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